Marques Guedes fala em "manipulação de informação"
Falando na conferência de imprensa depois do Conselho de Ministros desta quinta-feira, Marques Guedes reiterou (com tinha feito Passos Coelho em Moçambique, pouco mais de uma hora antes) que não há "propostas nem decisões" tomadas pelo Governo sobre cortes definitivos de pensões.
Quase toda a imprensa desta quinta-feira de manhã noticia que o documento de estratégia orçamental (DEO), a discutir na segunda-feira pelo Governo, refletirá as linhas gerais das medidas de ajustamento nas pensões que entrarão em vigor no início de 2015 e terão carácter definitivo, citando "fonte oficial" do Ministério das Finanças.
O ministro da Presidência sublinhou que o grupo de trabalho nomeado pelo Governo - para estudar "caminhos possíveis para acabar com a CES [contribuição extraordinária de solidariedade" e "procurar uma trajetória de sustentabilidade" - "nem sequer apresentou conclusões". Mais: as propostas que hoje são noticiadas "nem sequer vinculam o grupo [de trabalho] nesta fase e muito menos vinculam o Governo ou o Conselho de Ministros porque ainda não recebeu nenhum relatório sobre esta matéria".
Depois, perante uma pergunta em que se falava em "fuga de informação", Marques Guedes explicou que o que houve na quarta-feira foi "uma conversa em 'off' para fazer um ponto da situação" sobre os trabalhos do grupo, acusando de seguida "os jornalistas" que "transformaram um ponto da situação em factos adquiridos". "Não é fuga de informação, quanto muito é manipulação de informação", rematou.
O Ministério das Finanças convocou um conjunto de jornais para uma conversa informal na última quarta-feira, onde uma fonte oficial do Ministério de Maria Luís Albuquerque afirmou aquilo que a imprensa traz nas suas páginas desta quinta-feira: que o Governo está a avaliar a possibilidade de aplicar a CES de forma permanente, ajustando o valor das pensões a critérios demográficos e económicos, devendo o impacto da medida ser quantificado no DEO em abril.
Em Moçambique, onde está em visita oficial (ver notícia relacionada), Passos Coelho enviou também um recado para dentro do Governo, ao pedir serenidade. "Por vezes assisto ao debate público no nosso País sobre estas matérias e penso que ele poderia ser mais sereno e mais informado do que é. Espero que os membros do Governo contribuam também para isso."